Nesta fala, o próprio diz ser rejeitado por esquizoanalistas, sendo que estou investigando isso....
Palestra do Professor Gregorio Baremblitt realizada no dia 22 de maio no 13º Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte - FITBH
O Esquizodrama foi inventado por Gregorio Baremblitt em 1992. Foi e continua sendo aprimorado por muitos agentes e equipes. É um saber e um fazer que circula entre as filosofias, as ciências, as artes e os conhecimentos populares. Está baseado, principalmente, nas obras do Filósofo Gilles Deleuze e nas obras do autodidata Félix Guattari: escritos sobre a Esquizoanálise.
O Esquizodrama se emprega na saúde, na educação, no trabalho, na pesquisa, etc. Ele pode ser ministrado por profissionais das ciências humanas mas também por artistas e por leigos; é estudado e aplicado em vários países da América Latina e Europa.
Créditos: Mariane Botelho
Equipe FIT-BH 2016
Esquizodramista Spin
O esquizodrama é um dispositivo da intervenção esquizoanalítica, criado por Gregório F.Baremblitt que, por sua vez, costuma afirmar ser rejeitado pelos esquizoanalistas. Para ver se há uma cisão entre esquizoanalista e esquizodramáticos, criei uma página para cada vertente
Palestra Gregorio Baremblitt - O que é o Esquizodrama?
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Trajetórias de um pensador nômade: Gregório Baremblitt 1
Domenico Uhng Hur*
Universidade Federal de Goiás – UFG, Goiânia, Goiás, Brasil
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar a complexa e ampla obra de Gregório Baremblitt, reconhecido analista institucional, esquizoanalista e esquizodramatista da América do Sul. Buscamos destacar os momentos e acontecimentos históricos em que se desenvolveram novas práticas e novos enunciados teóricos. Realizamos uma revisão bibliográfica em toda a sua obra e de pesquisas que traçaram sua história. Consideramos que há três etapas principais na trajetória de Baremblitt. A primeira, em que articula a relação entre psicanálise, marxismo e política. A segunda, quando se torna um dos principais pensadores da Análise Institucional. E a terceira, quando inventa em campo de saberes e intervenções klínico-psicossociais chamado de Esquizodrama, a criação mais intempestiva e original produzida a partir da Esquizoanálise (...)
Se para Deleuze e Guattari (1992) a Filosofia é a arte de criar conceitos, o Esquizodrama é a arte de criar múltiplos dispositivos de intervenção (Baremblitt, 2002b), sejam klínicos, educativos, sociais, etc. Baremblitt nos ensina que o esquizodrama funciona como um conjunto heterogêneo de estratégias, táticas e técnicas "que busca atuar sobre os aspectos subjetivos, sociais, semióticos e tecnológicos de seus dispositivos para proporcionar experiências de desterritorialização dos agenciamentos instituídos, para dar circulação e trânsito aos fluxos (psíquicos, corporais, grupais, sociais) codificados, fomentar processos de criação e estéticos, efetuando assim acontecimentos, novos regimes de signos e processos de singularização" (Hur, 2013, p.271). Baremblitt, busca assim incitar e fomentar nos participantes do Esquizodrama os atos dionisíacos e criadores dos pensamentos, afetos e ações.
Há distintos dispositivos de intervenção utilizados, com enquadres e consignas móveis, que empregam não apenas recursos verbais, mas também corporais, artísticos e dramáticos que se referenciam de distintas correntes teóricas, tal como da esquizoanálise, psicodrama, bioenergética, psicanálise e até de rituais como da Umbanda. Tal referência inusitada inspira-se na experiência de G. Lapassade na África e no Brasil, em que a partir de sua participação em rituais de Umbanda e Vodu, levou as experiências de transe para a clínica, criando a Transeanálise (Lapassade, 1980). "Portanto, há distintos agenciamentos maquínico-corporais nos diferentes dispositivos, em que pode haver a situação face-a-face grupal, ou da performance psicodramática dos atores em cena, ou até de uma dança com tambores tribais, que aparentemente pode parecer ser uma experiência caótica" (Hur, 2012a, p.23). Baremblitt (2002b) nomeia cinco tipos de klínicas: a) da produção, reprodução e anti-produção; b) do Caos, Cosmos, Caosmos; c) da diferença-repetição; d) do acontecimento-devir e; e) da Multiplicação dramática. E tal como Pichon-Rivière (1986) com o dispositivo do grupo operativo, Baremblitt sustenta que o Esquizodrama pode ser trabalhado em inúmeros e diversificados campos: na intervenção social, educação, psicoterapia, saúde mental, artes, etc. Então, o Esquizodrama é uma caixa de ferramentas que potencializa os efeitos da Esquizoanálise, que de acordo com Baremblitt (1998), "é uma máquina fundamentalmente energética, destinada a vibrar e a fazer vibrar aqueles que dela se aproximam e a engajá-los em um movimento produtivo, que não passa exatamente pelas ideias nem pelas palavras, passa pelos afetos" (p.14).
Gregório logrou êxito em transformar diversos conceitos filosóficos esquizoanalíticos em dispositivos klínicos esquizodramáticos. Criou inúmeros dispositivos que fomentam a produção desterritorializante de um corpo sem órgãos (Deleuze & Guattari, 1980), através de práticas corporais, como a bioenergética e a respiração holotrópica. Produziu rizomas (Deleuze & Guattari, 1980) humanos com seus esquizodramatizados em sessões de Multiplicação Dramática (Kesselman & Pavlovsky, 1991), como variadas linhas de fuga no processo psicoterápico, que rompem com as formações molares e codificadas dos sujeitos.
Cito um exemplo. Deleuze e Guattari escreveram um texto intitulado "Rostidade" (1980) em que criticam a codificação da face, de como ela se torna a identidade do corpo, reduzindo assim sua multiplicidade de afecções e possibilidades. Também criticam, do ponto de vista social, a constituição de um rosto que se torna padrão, que se torna norma, que é a representação pictórica de Jesus Cristo, face que expressa o homem macho ariano civilizado de traços finos. Devido a tal crítica, Gregório criou um dispositivo klínico que visa a desterritorialização dessa face codificada e instituída, a partir de um jogo com espelhos, imagens e luminosidades: o dispositivo da "Rostridad". Utiliza um espelho especial que ao mesmo tempo reflete e refrata a imagem. Coloca assim duplas de pessoas face-a-face com o espelho entre elas. Em um ambiente semicerrado e de acordo com as variações de iluminação sobre o espelho resulta-se no assombroso fenômeno imagético de conjunção das faces. De tal forma que Gregório busca intensificar os distintos afetos de estranheza que emergem da configuração imagética facial mais bizarra para a dupla, trazendo assim à tona um afeto ainda não significado, ou melhor, um aspecto assignificante. A consigna é que tal aspecto deve ser ainda mais intensificado e objeto de um processo de figuração, seja por via de uma dramatização, um jogo de palavras, uma poesia, um desenho, etc. Emergem assim múltiplos sentidos para a experiência, que às vezes são verbalizados, outras vezes não, sempre abrindo para o campo da indeterminação e novidade em que há uma produção intensiva de sentidos para a experiência vivida.
Um aspecto que merece ser citado é que o Esquizodrama não se constitui como um campo de conhecimentos e práticas consolidado, de dispositivos e técnicas com consignas, tarefa e enquadre fixos e delimitados. Caracteriza-se mais como variação contínua e convite à inventividade de novos dispositivos e práticas. É mais uma experimentação do que aplicação, num saber instituinte, ao invés de algo pressuposto e fechado.
Recentemente, como homenagem de seus associados a Gregório, o Instituto Félix Guattari recebeu o novo nome de Fundação Gregório Baremblitt. Também foi formada outra Fundação Gregório Baremblitt na cidade de Uberaba/MG, bem como o Instituto Gregório Baremblitt na cidade de Frutal/MG. Estas associações, além de oferecerem cursos e realizarem intervenções klínicas e sociais, fazem parcerias com outras de Montevidéu, Argentina, Portugal e Canadá, as quais organizam os congressos internacionais de Esquizoanálise e Esquizodrama, que já contam com quatro edições. A Fundação de Belo Horizonte está em sua nona turma no curso de pós-graduação lato sensu de Esquizoanálise, Esquizodrama e Análise Institucional. A Fundação de Uberaba conta também com um dispositivo de saúde mental, o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS – Maria Boneca, "que atende trezentos e setenta pacientes com esquizodrama todos os dias" (Baremblitt, 2013, p.3). Ressalta-se que este CAPS funciona com todos os princípios da Reforma psiquiátrica, seguindo a auto-análise e a autogestão, tanto que seu nome foi dado por um dos usuários do serviço. Para conferir algumas reflexões klínico-institucionais que resultaram da experiência sugiro o livro "Lembranças da loucura" (Bichuetti, 1999). A Fundação de Frutal também conta com um projeto social educativo, um curso pré-vestibular dirigido a alunos de baixa renda, intitulado Cursinho Popular Gregório Baremblitt, que tem como finalidade democratizar o acesso à Universidade.
5 Considerações finais
Neste ensaio busquei apresentar brevemente o percurso de Gregório Baremblitt, salientando três etapas principais pelas quais transitou: Psicanálise e política, Análise Institucional e Esquizoanálise e Esquizodrama. O primeiro momento quando participou das reflexões críticas entre psicanálise, marxismo e política com o coletivo Plataforma Argentino; o segundo, quando se tornou um dos protagonistas da Análise Institucional no Ocidente; e o terceiro, quando criou o dispositivo mais criativo relacionado à Esquizoanálise: o Esquizodrama. A invenção do Esquizodrama marca a obra de Baremblitt como o momento em que ele realmente assume um "nome próprio", quando se torna um "autor" e passa a falar por seu nome, pois cria um novo regime de enunciados e práticas original e singular. Não se restringe a reproduzir ou aplicar conceitos da Esquizoanálise, mas sim a produzir novos conceitos, instrumentos e máquinas abstratas que fomentam processos de desterritorialização e transformação. Seguramente, o Esquizodrama é o invento mais intempestivo e original produzido a partir da Esquizoanálise.
Ademais, Baremblitt (2013) considera que o resgate e estudo de sua obra "tiene sentido en el seno de la lucha entre la difusión revolucionaria de Esquizoanálisis y su recuperación por el establishment" (p.3), pois denuncia que há posições teórico-práticas que apaziguam o potencial disruptivo da Esquizoanálise com finalidades econômicas e de captura de sua insurgência, enfim, com finalidades que corroboram com a axiomática capitalista (Deleuze & Guattari, 1972).
Ao longo de toda sua carreira, Gregório se mantém crítico e contestador, mesmo de experiências que participou: "Gregorio Baremblitt relata ter sido convidado, pelos organizadores, a enviar um artigo destinado a livro comemorativo dos 25 anos do Grupo Plataforma. A tonalidade bastante crítica de seu texto teria levado ao cancelamento da publicação como um todo" (Rodrigues, 2004, p.30). Ou seja, seu texto não foi publicado para não inviabilizar a coletânea de trabalhos. Então, ao invés de manter postura ufanista acerca de tal acontecimento, prefere manter compromisso com a crítica do instituído.
Para finalizar, considero que Baremblitt com suas teorias e práticas figura como uma máquina de guerra (Deleuze & Guattari, 1980). Gregório é a expressão de um pensador e klínico nômade, sempre em movimento, compromissado com a transformação, os fluxos desejantes, um novo mundo, novos sujeitos e na realização de uma Utopia Ativa. E nos deixa com uma maquinaria conceitual e de intervenção klínico-social, o Esquizodrama, que é um convite para que possamos exercer a inventividade da potência de nossos pensamentos para criar novas práticas, novos regimes de enunciados e processos de subjetivação.
"(...)
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Vídeo de homenagem a GREGORIO BAREMBLITT, criador do Esquizodrama e grande difusor da Esquizoanálise
Assisti a um video em que o próprio Gregório Baremblitt se disse ser rejeitado pelos esquizoanalistas,,,,preciso ver como, porrque, quando
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Esquizodrama: o drama do devir
JORGE BICHUETTI / MARGARETE AMORIN / MARIA DE FÁTIMA OLIVEIRA
O esquizodrama é um dispositivo da intervenção esquizoanalítica, criado por Gregório F.Baremblitt.
Gregório F. Baremblitt desenvolveu a obra de Deleuze e Guattari, sendo um dos pilares fundamentais da sua presença na América Latina, ``O grande mestre da clínica Deleuzeana'', e se fez autor de inúmeros inventos no interior da esquizoanálise, com destaque para o esquizodrama.
O esquizodrama é uma ferramenta sui generis, já que é, em si mesmo por definição, a montagem de intervenções baseadas numa caixa-de-ferramentas, eclética e heterodoxa, que se delimita na condição de máquina de produção de vida, drama do devir, onde elas se conectam como um, ``bricolleur'' e que no fundo não é no sentido prescritivo dos procedimentos, pois se conforma como um invento que se realiza sempre como uma nova invenção.
Performático, utiliza a potência dos efeitos páticos.Experencial, norteia-se pelo afetar e se afetar quando o corpo funcionando intensificado e desterritorializado explora o que pode um corpo.
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Gregorio Franklin Baremblitt, criador do esquizodrama, vertente da esquizoanálise
Da formação em Psiquiatria à militância junto ao movimento Instituinte Internacional, Gregorio Franklin Baremblitt vem traçando um longo e fecundo percurso como médico, psiquiatra, psicoterapeuta, professor, pesquisador, analista e interventor institucional, esquizoanalista, esquizodramatista e escritor em diversos países de América Latina e Europa. Esse percurso teve início há 40 anos, na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires, da qual é livre docente, e foi-se tornando mais rico e complexo a cada momento em que o médico buscou o cruzamento da medicina com outras áreas. Movido pela inquietação daqueles que não se contentam com o conforto garantido pelo reconhecimento dado aos especialistas consagrados, Gregorio F. Baremblitt buscou sempre expandir a sua atuação até as fronteiras da medicina com a Política, a Sociologia, a Filosofia, a Arte e também com os saberes populares. Esse olhar generoso e ao mesmo tempo rigoroso sobre os saberes e fazeres do mundo contemporâneo tem rendido não apenas uma ampla produção intelectual, mas também diversas ações nos planos de coletivos diversos: em 1970, Gregorio foi membro fundador do grupo psicanalítico Argentino denominado Plataforma, primeira organização no mundo separada da Associação Psicanalítica Internacional, por motivos políticos. Ao se estabelecer no Brasil em 1977, fundou, no Rio de Janeiro e em São Paulo, o Instituto Brasleiro de Psicanálise, Grupos e Instituições (Ibrapsi), e o Instituo Félix Guattari de Belo Horizonte (1997), atualFundação Gregorio Baremblitt de Minas Gerais. Sua atuação no campo da saúde mental inspirou outros profissionais a criarem a Fundação Gregório Baremblitt, em Uberaba (MG), uma das primeiras entidades do país a instituir formas de tratamento mental em sintonia com os ideiais da Luta Antimanicomial. Gregorio é autor de numerosos livros e artigos científicos e organizador de seis congressos internacionais em sua área de atuação.
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